Para ser Feliz no Amor, é preciso perder o medo de arriscar.
Trata-se de um paradoxo feminino do nosso tempo: ser feliz no amor é um dos maiores desejos das mulheres e também uma das últimas prioridades. Na frente dele costumam vir carreira, dinheiro, estudos... Por que será que a gente não se apaixona de vez pela ideia de jogar todas as fichas, mesmo sob o risco de perdê-las? É que, às vezes, nossas atitudes camuflam incertezas e medos - mas dá para se livrar de cada um deles.
E se ele não for o homem certo?
Para o psicólogo Thiago de Almeida, terapeuta de casais e autor de A Arte
da Paquera: Inspirações à Realização Afetiva (Letras do Brasil), a alta
seletividade é uma característica tipicamente feminina. "É próprio da mulher
projetar em todo parceiro o futuro pai de seus filhos, ainda que esteja em um
relacionamento casual. Por isso, sempre vai escolher muito." Esse comportamento,
que chega a ser instintivo, é ótimo para ajudar nas escolhas, mas pode fazer com
que nunca ache um pretendente bom o bastante. Em vez de considerar se ele é
ideal, vale mais se perguntar com quais características você pode conviver e com
quais não pode. Não adianta pensar que quando casar sara, porque ninguém muda
ninguém. "Há características que vêm com o tempo, como maturidade, estabilidade
financeira e sucesso. Outras são extremamente pessoais e intransferíveis, como
caráter e vontade de crescer. Isso não se conquista", afirma a psicóloga e
escritora Olga Tessari, autora de Dirija a sua Vida sem Medo (Letras
Jurídicas).
E se eu me machucar?
O movimento natural para quem já sofreu demais por amor ou acolheu amigos
desesperados de dor é recolher-se e concentrar-se na carreira. Assim a cabeça
fica ocupada - mas a vontade de ser feliz no amor continuará lá, esperando um
momento de fraqueza para pedir atenção. Há o risco também de acabar acreditando
que não tem sorte nesse jogo e, por isso, nem vale a pena arriscar. Não é porque
você sofreu com um que vai ser infeliz com todos. É preciso entender de onde vem
tanto pessimismo - pode ser sinal de autoestima debilitada - e agir para
neutralizar o inimigo interno. "Talvez você tenha se anulado nos relacionamentos
anteriores para agradar ao outro e comece a perder a confiança em si mesma. Ou
talvez acredite que ninguém poderá amar você do jeitinho que é", diz Olga.
E se eu perder minha independência?
Para a psicoterapeuta Lidia Aratangy, autora de O Anel Que Tu Me Deste: o
Casamento no Divã (Primavera Editorial), adiar o amor não é ruim, apenas
comprova a evolução do papel feminino na sociedade. "As estatísticas apontam que
as mulheres estão estudando mais e têm empregos melhores. Antes, casavam-se
muito cedo e, quando não conseguiam, eram tachadas de solteironas. Hoje, a
autonomia financeira e emocional é uma regra - ninguém quer viver à custa do
marido. Por isso, é natural que a busca pelo sucesso profissional seja
prioridade. O casamento pode esperar ou, aliás, nunca acontecer", diz. A
preocupação com a perda da independência é legítima também quando se vem de
família controladora - o pai não queria que a filha trabalhasse, a mãe regulava
demais os horários. Então, se você experimenta o gostinho de poder se bancar,
teme voltar ao controle máximo. Há um período intermediário em que gostoso mesmo
é cuidar de si mesma. O que não vale é deixar que esse pequeno prazer impeça
você de compartilhar a vida com alguém. E se ele não quiser nada comigo? Houve
um tempo em que era de bom-tom aguardar o pretendente feito uma princesa
encastelada. Hoje, na conquista, temos direitos e deveres iguais. Quem quer um
amor corre atrás
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